A
Graça e Paz de Cristo Jesus, meus amados irmãos!
Esse é um texto na primeira
pessoa, porém não se trata especificamente sobre a minha pessoa, mas como Deus
me ensinou, em um tempo preciso, a aceitar e entender o seu agir sobre a minha
vida.
Deus não pensa como nós, não vê
como nós e não planeja como nós. Muitas vezes, até de maneira inconsciente,
tentamos humanizar as suas condutas, questionar as suas permissões e até culpá-lo
por nossas perdas e decepções.
Nesse ciclo de existência, do
qual fazemos parte, muitos devaneios e equívocos são totalmente compreensivos,
pois cada idade e experiência nos acrescentam novos entendimentos, e à medida
que os anos vão avançando, o discernimento acerca de tudo o que acontece com a
gente e a nossa volta necessariamente evolui. Porém, quando não existe um
relacionamento direto com Deus, dificilmente é possível alcançar, mesmo ao
longo dos anos, uma maturidade que nos conduza a tal discernimento.
Todos que amam a Deus, não pelo
que Ele pode fazer, mas pelo que Ele é e pelo que já fez um dia, não se
contentam apenas com ligeiras orações, idas a igreja ou encontros de células,
na realidade buscam alinhar uma vida acompanhada da presença de Deus, em
qualquer lugar e circunstância, mas, sobretudo desejam construir um futuro com
Deus.
Assim, após alcançar alguma
maturidade espiritual, cheguei a essa conclusão: se desejo ter um futuro com
Deus, preciso aprender a construir uma história com Ele e me dedicar com afinco
a esse propósito. Firmar um compromisso com Deus requer maturidade espiritual,
para entender que esse é o relacionamento mais sério que um homem pode ter.
Por vezes, falhamos com as
pessoas, magoamos, traímos, erramos, julgamos... e nem ao menos pedimos
desculpas, às vezes nem sequer revelamos nossos erros: omitimos, nos
escondemos, fugimos. Mas do Senhor nada podemos ocultar, não significa que não
venhamos a falhar, mas que a confissão, o arrependimento e o clamor pelo perdão
venham sem demora, porque em um relacionamento com Deus, não dá para seguir o
fluxo, fingindo que está tudo bem, é necessário conserto, transparência e
lealdade. Assumir seus erros e pedir perdão é a primeiro estágio do
amadurecimento espiritual. Diferente do que alguns pensam, não é demonstração
de um fracassado, um perdedor qualquer, mas de alguém que busca ser melhor ao
reconhecer suas imperfeições, que busca andar em paz com o Senhor e consigo
mesmo, mas que, sobretudo: deseja ter um futuro com Ele.
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Figura na Janela Dalí |
Nunca saberemos a hora e o dia
em que partiremos rumo a nova existência ao lado do Pai, e essa é uma das
principais razões pelas quais não devemos nos alongar em pecados, em mentiras e
dissimulações, pois pode não haver mais tempo para um pedido de perdão.
O segundo estágio de
amadurecimento é entender que tudo é para Deus, desde os mínimos gestos aos
mais notáveis. Tudo é por Ele e para Ele, uma vez que Ele é o sentido de tudo.
Esse é um posicionamento deverás difícil, porque requer firmeza de caráter e
segurança de identidade. Compreender que em cada decisão deve prevalecer o parecer
de Deus é demonstração de entrega absoluta, dependência, humildade e
obediência. Percebemos que em cada projeto, gesto, comportamento existe um
consentimento sobrenatural do Espírito Santo do Senhor e somente debaixo dessa
permissão é que conseguimos ir adiante. O aval do Espírito Santo sobre nossas
decisões promove a nossa perfeita sintonia com Deus, e tudo vai voltando para
Ele, de forma natural, como os rios que correm para o mar, em tudo se desenha a
direção, a vontade e a Glória do Senhor.
O que a primeira vista, parecia
algo tão distante e desconexo de Deus, às vezes até um sonho sem muito valor
aos olhos humanos, vai tornando-se real porque já havia nascido no coração de
Deus, é nesse instante que enxergamos a razão de tudo ser por Ele e para Ele,
porque aquilo que parecia ser só nosso, na realidade já havia sido sonhado
primeiro por Deus, tudo apenas volta para Ele, para a Glória do seu nome. A
força da natureza de Deus é que impera, isso só se torna perceptível à medida
que o nosso relacionamento vai se aprofundando com Ele. Porém, o pecado derruba
todo o projeto, quebra a sintonia, desfaz a aliança, desgraça a consciência do
homem, tornando-o instável, indeciso e perdido. E nesse ponto, retornamos para
o primeiro estágio: o clamor pelo perdão.
O terceiro estágio seria:
entender que tudo coopera para crescermos e assumirmos novas responsabilidades
diante de Deus. Como poderíamos entender a dor do outro se um dia não a
experimentamos? Como poderíamos adquirir alguma sabedoria se não construirmos
uma história repleta de situações boas e ruins? Em todas as coisas o nome de
Deus é exaltado! É isso que nos diferencia do mundo, porque entendemos que
todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e escolhem
permanecer nesse amor independente das circunstâncias.
Nossa caminhada com o Senhor é
cheia de espinhos, requer determinação, fé, temor e amor. Nesse ponto, em
particular, considero o estágio mais difícil da nossa história com Ele, porque
implica em renúncia genuína de nós mesmos. Posso testemunhar que um dia conheci
a minha pior dor, me vi com a alma totalmente exposta como ferida aberta,
latejando incessantemente, coração rasgado em pranto, lançada ao chão em total
escuridão e abandono, quando ouvi seus passos adentrarem o ambiente, uma
companhia nunca antes imaginado e ouvi sua voz dizendo: - Estou aqui, estás machucada,
mas Estou aqui! Não estás perdida, pode estar doendo, mas você sabe quem é, por
isso Estou aqui. Faça a minha vontade, permaneça
no meu amor, permaneça aqui, permaneça em Mim.
Viver algo que nos machuca,
desejar agir com as próprias forças e impulsos e não os fazer, renunciar o
desejo da própria carne por obediência, por lealdade e fidelidade ao Pai é
difícil, mas é entender que nosso relacionamento com Deus é o que nos defini
como ser humano, o único pelo qual devemos verdadeiramente viver e morrer,
preservar isso é mais importante do que tudo, independente do que façam com a
gente.
Cristalizei o meu casamento com
DEUS e nunca mais me senti só, posso lhe ouvir, receber o seu consolo, e
depositar Nele toda a minha confiança e segurança.
Se algo de ruim é feito contra
nós: Deus se revela, nada é em vão ou por acaso. Por mais que pareça incompreensível,
injusto e extremamente doloroso, existem uma infinidade de razões debaixo do
céu que justificam a permissão de Deus para isso.
Perda gera recomeço, traição
gera maior percepção, doença gera humildade.
Se não houver dor não há crescimento, não há valorização sincera do que já
se tem ou teve, a ausência de percalços torna tudo muito fácil e vazio de
aprendizado. Ninguém quer sentir dor, mas depois que passa e as águas se
acalmam, encontramos a essência de Deus na força que passamos a reconhecer em
nos mesmos. E tudo volta para Ele. Depois desse estágio nos tornamos realmente
aptos para assumirmos novas responsabilidades diante de Deus, vencer desafios
firmados na fé, confere novas posturas e entendimentos para sairmos da borda de
um relacionamento raso e atingirmos o profundo com Deus.
Deus é bom o tempo todo, nós
que não somos, priorizamos as nossas próprias vontades usando como respaldo o
livre arbítrio que Ele nos concede, conduta de quem engatinha rumo à maturidade.
De fato, somos livres, para escolhermos o céu ou o inferno, o certo ou o
errado, a verdade ou a mentira, Deus ou o Diabo... e essa liberdade é fruto do
amor. O amor de Deus filho: Jesus Cristo, o amor exposto em corpo desnudo:
humilhação, amor provado em carne dilacerada, mãos e pés perfurados:
sacrifício, o amor derramado em sangue na Cruz: Liberdade. Somos livres e
agraciados pela maior prova de amor de toda história da humanidade.
Se eu sou detentora de tal
liberdade, Deus será sempre a minha escolha. Para sempre Deus.
Vencido os estágios:
compreensão ampliada, escolhas acertadas, últimos degraus alcançados, futuro
reservado... para sempre Deus, para sempre com Deus: sonho realizado.
Combati o bom combate, acabei a
carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a
qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também
a todos os que amarem a sua vinda. 2 Timóteo 4:7-8.
Alana Baggioto